“Raio Negro”: Vini Jr vira símbolo na luta contra o racismo; conheça sua trajetória

Nos últimos dias gerou uma grande movimentação contra o racismo que Vini Jr sofreu no jogo contra o Valência no domingo (21). O jogador parou a partida ao ver dois torcedores rivais o ofendendo com falas e gestos racistas. Contudo, no final, nada foi feito e o jogo foi retomado, onde os donos da casa venceram por 1 x 0.

Dessa forma, após a partida, o Real Madrid, que até então vinha se abstendo dos ocorridos, se manifestou pela primeira vez afirmando que caso nada fosse feito pelas autoridades locais registraria uma denúncia. Além disso, o presidente Lula e mais representantes políticos se manifestaram em apoio a Vinicius Júnior.

Com isso, o jogador de 22 anos, despertou o interesse das pessoas ao redor do mundo, alavancando as pesquisas no Google com seu nome. Vini bateu o recorde da ferramenta no Brasil e nas 48h seguintes teve 41 vezes a mais seu nome buscado na plataforma do que antes do início da partida. Fora isso, o atacante do Real Madrid, tem se tornado um símbolo da causa e sendo comparado a Lewis Hamilton e LeBron James que também são defensores dos direitos igualitários e sociais. Vini Jr, tem se envolvido em várias ações na luta contra o racismo, como um projeto antirracista no Brasil voltado para crianças que anunciou em março deste ano.

“É cedo demais para fazer essas comparações. Mas é inegável o papel que ele está tendo neste momento. Ele acaba sendo uma das poucas figuras do mundo do futebol que levantou a voz desta maneira e com este tom” pondera Marcelo Carvalho, criador e diretor do Observatório da Discriminação Racial no Futebol.

Vini Jr é vítima de racismo há anos

A ida de Vinicius para a Espanha intensificou os ataques racistas que recebe desde o início de sua carreira. Vale lembrar, que ainda no Brasil quando atuava com a camisa do Flamengo, também sofreu ofensas. Em 2018, em um clássico contra o Botafogo, no estádio Nilton Santos, o atacante rubro-negro foi chamado de “neguinho safado”. Antes disso, em 2017, um torcedor foi preso após cometer injuria racial contra a família de Vini.

Tudo se intensificou em 2021, já em terras espanhóis, no El clásico, quando torcedores do Barcelona gritaram “macaco” para Vini Jr. A La Liga até apresentou uma denúncia à Procuradoria de Ódio de Barcelona, mas o caso foi arquivado após não identificar os autores. Em 2022, não foi diferente, e foi onde pode presenciar inúmeros casos de racismo contra o jogador do Real Madrid.

Baila, Vini Jr

Em setembro do ano passado, em um duelo contra o Malorca, novamente o brasileiro é atacado, mas dessa vez pelo técnico que pede para seus jogadores baterem no atacante do Real. “Ele disse ‘Bate nele! Bate nele!’… o técnico”, disse o atacante do Real Madrid, a Nacho. Ainda, após as provocações no jogo, as comemorações de Vinicius também foram alvo e motivo de irritação dos espanhóis, que no programa El Chiringuito, Pedro Bravo, presidente da Associação Espanhola de Empresários de Jogadores, disse: “Aqui o que você tem que fazer é respeitar os companheiros de profissão e deixar de fazer macaquice”.

Até então, Vini Jr, não tinha se manifestado sobre as ofensas preconceituosas que vinha sofrendo desde a sua chegada no país, mas após a polêmica declaração do membro da associação, o jogador de 22 anos, fez um forte discurso em suas redes sociais onde deixou claro que não pararia de bailar e que as pessoas teriam que aceitar ou surtar com isso.

"Raio Negro": Vini Jr vira símbolo na luta contra o racismo; conheça sua trajetória
Rodrygo e Vini Jr dançam após gol em cima do Atlético de Madrid – Foto: Folha de São Paulo

Constantes ataques dos torcedores do Atlético de Madrid

Com certeza o caso que mais repercutiu foi no duelo contra o Atlético de Madrid. Além da rivalidade dos dois times o clima ficou tenso após mais uma vez, os torcedores atacarem Vinícius com falas preconceituosas. Foram registradas 24 ocorrências pela La Liga depois do duelo, mas como já esperado o caso foi arquivado pela Procuradoria de Ódio de Madri em dezembro com a justificativa de: “Uma vez contextualizados os insultos racistas, não constituiriam um crime contra a dignidade da pessoa”. Do mesmo modo, o camisa 20, não ficou calado e declarou que “seguiria na luta” para combater o racismo.

Em janeiro deste ano, antes do dérbi, válido pela Copa do Rei, os torcedores do Atlético de Madrid, pendurou um boneco enforcado com a camisa de Vini Jr, em uma das pontes da capital da Espanha. Além disso, estenderam uma faixa com a frase; “Madrid odeia o Real”. Os ataques não pararam por aí, nesta temporada, pode ser visto mais insultos ao atacante do Real Madrid nos duelos contra o Mallorca, Barcelona, Betis e Osasuna.

Primeiras punições

Alguns dias após Valencia x Real Madrid, três torcedores foram presos acusados de atacarem Vini Jr com ofensas racistas, mas mais tarde os mesmos foram liberados. Ainda, a Federação Espanhola, fechou um dos setores do estádio do Valencia e multou o clube espanhol. Também foram registrados algumas demissões da equipe de arbitragem do jogo.

Na noite deste sábado, no duelo entre Flamengo x Cruzeiro, no Maracanã, os torcedores rubro-negros fizeram um mosaico mostrando apoio ao ex-jogador do clube, que, mais na tarde, foi às redes sociais agradecer a ação. A mobilização ao redor do mundo foi grande em apoio a Vinícius Junior, mas ainda há muito o que lutar na briga contra o racismo, principalmente na Espanha, onde mostra que o preconceito está enraizado na cultura do país.

Carolina Castro Carolina Castro

Tenho 25 anos e sou formada em jornalismo. Desde criança desenvolvi o gosto por esporte e por isso escolhi ser jornalista. Foi a profissão que me deixou mais próxima daquilo que mais amo: falar e escrever sobre esporte.

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