“Meu objetivo maior é ter um time 100% indígena”, afirma presidente do primeiro clube indígena do Brasil

Fundado em 2008, na cidade de Bom Jesus do Tocantins, município do Pará, o Gavião Kyikatejê realiza um trabalho muito bonito, sendo o primeiro clube indígena do Brasil. Apesar de estar na segunda divisão estadual, o clube mira longe e espera voltar a disputar com as grandes equipes do Estado. Além disto, tem na figura de Zeca Gavião, presidente do clube, alguém com vontade de dar a oportunidade do povo Kyikatejê de praticar esportes e de ir jogar em grandes clubes do futebol brasileiro, da Série A ou Série B do Brasileirão.

Apesar de ser da cidade de Bom Jesus do Tocantins, manda seus jogos em Marabá, no Estádio Zinho de Oliveira, mesmo lugar onde atua o Águia de Marabá, rival do clube. Sobre o isto, Zeca Gavião afirma que “nós tínhamos somente o clube, não tínhamos a estrutura. No decorrer do tempo fomos se organizando devagarinho e construímos um pequeno alojamento. Como vinham outras etnias de diversos estados e municípios, eles tinham que ficar alojados, por isto iniciou a construção deste local”, comentou o presidente do clube.

Legado de Zeca Gavião para os talentos locais

Outro legado que o clube carrega é de dar oportunidade para os talentos locais e no time profissional já contar com atletas nascidos na aldeia, atualmente, como afirma Zeca Gavião, o clube é mesclado, mas a expectativa é de que a dois, três anos, o clube se torne 100% indígena, sendo ainda mais um clube inovador.

“A equipe do Gavião ela é por enquanto mesclada. Não temos somente indígenas, por enquanto. O nosso objetivo é ter 100% de indígenas. Não temos apoio da prefeitura e nem de algumas empresas. Nosso foco é de alguma forma descobrir talentos, próximos da nossa região, sejam eles indígenas ou não indígenas. O objetivo é que em dois ou três anos sejamos 100% indígenas. Este ano praticamente o time vai ser com 90% de atletas indígenas, inscritos na CBF e na Federação Paraense de Futebol”.

Outro ponto interessante, é que vendo a necessidade de se capacitar, para aprimorar não apenas os seus conhecimentos, mas poder passar o que iria aprender para o seu povo, Zeca Gavião realizou cursos na CBF e hoje em dia, além de presidente do clube, também é um treinador capacitado na entidade que cuida do futebol brasileiro. Sobre isto, Zeca Gavião comenta desta busca por conhecido e também abre sobre a nova inicia do clube, de abrir categorias de base para construir novos talentos.

“Eu fui buscar capacitação, terminei o curso para treinador na CBF e fiz cursos internacionais. Neste momento estou montando a base do Gavião. A intenção é dar oportunidade não apenas para o meu povo, mas também para outras etnias. Meu objetivo é trabalhar a base. Estamos iniciando a categoria de base, sub-14, sub-9. Com a minha formação eu posso abrir uma escolinha de futebol. Além disto, podemos aqui adotar o futebol moderno. Estamos trabalhando para trazer guerreiros ou guerreiras do amanhã”, finalizou Zeca Gavião.

Atual temporada do primeiro clube indígena do Brasil

O clube atualmente disputa a Série B do Paraense e espera a definição do seu grupo para saber os seus adversários. Em 2022 o time disputou a segunda divisão estadual e foi eliminada na primeira fase, mas por pouco não se classificou para a fase seguinte. A equipe disputou em 2021 a Série A, mas foi rebaixada ao final da competição.

Otávio Silva Otávio Silva

Estudante de jornalismo com experiência em assessorias de imprensa e em portais de noticias. Apaixonado por escrever sobre esportes, mas com uma paixão ainda maior pelo futebol. Gaúcho de Porto Alegre e admirador do futebol raiz.

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