Ídolos que se tornaram técnicos – e ainda não emplacaram

Acabou, por ora, a primeira passagem como técnico, do maior ídolo do São Paulo Rogério Ceni. Relembre outros ídolos que se tornaram treinadores.

No mundo do futebol muita gente concordo que a vida de árbitros e técnicos é bem mais complicada que a dos jogadores em alguns aspectos. Quando falamos dos árbitros, temos que pensar que nem todos os profissionais dependem exclusivamente da atividade no futebol; eles ainda precisam ter um trabalho secular muito flexível para atender aos períodos em viagem para cobrir o território de nosso país, por exemplo.

Já os treinadores, além de se manterem atualizados, precisam lidar com uma mania brasileira de muitos anos: Perdeu muitos jogos, mostrou perder controle do elenco ou o respeito, será demitido. O maior ídolo do São Paulo, Rogério Ceni, assumiu o comando do elenco no começo do ano, mas os resultados e as três eliminações do primeiro semestre foram suficientes para a diretoria entender que era preciso um fato novo para o clube.

Então Ceni é mau treinador? Claro que não. Talvez não esteja pronto para assumir um grande clube no momento. Mas que tal a gente relembrar alguns caras que foram ídolos dentro do campo e que, após se aposentarem, tentaram uma carreira como treinador?

Rogério Ceni

Vamos começar recapitulando algumas informações sobre este grande jogador brasileiro e campeão do mundo pela Seleção e pelo São Paulo.

O que define um ídolo? Fazer muitos gols por um determinado clube ou seleção? Bater recorde de jogos? Muitos títulos? Pois Rogério Ceni atende a todos estes quesitos para ser considerado o maior ídolo da história do São Paulo FC. O goleiro teve nada mais, nada menos que 25 anos ligados ao mesmo clube; desde que saiu do pequeno Sinop, no interior do Mato Grosso do Sul (1990), Ceni vestiu as cores do São Paulo e só saiu ao se aposentar dos gramados.

Nesse período o cara se tornou o jogador com maior quantidade de jogos com o mesmo time na história do futebol (1238). Ele também entrou para o livro dos recordes ao ser o primeiro goleiro da história a marcar mais de 100 gols (são 132 no total). Além dos jogos, além dos gols, Rogério foi um goleiro espetacular (com falhas como todos os grandes goleiros), capaz de decidir títulos à favor do São Paulo.

Como Técnico:

A aposentadoria veio em em dezembro de 2015. No ano seguinte, Ceni se tornou auxiliar técnico de Dunga na Seleção Brasileira. Passou por um período de treinamento e cursos na Europa e voltou no final do ano dizendo estar pronto para assumir uma responsabilidade como técnico de futebol. A primeira e única opção foi o São Paulo – por conta de toda a carga emotiva e identificação com o clube.

O período como técnico começou bem quando o São Paulo venceu a Florida Cup (um torneio de férias que serviu como pré-temporada para o time). A primeira partida oficial foi uma derrota pelo Campeonato Paulista por 4-2 para o Audax. De lá para cá foram 37 jogos como treinador do SP, 14 vitórias, 13 empates e 10 derrotas – somando 49,5% de aproveitamento.

Na 11ª rodada do Brasileirão 2017 o São Paulo está dormindo na zona do rebaixamento e, assim, a diretoria optou por demitir o treinador.

Falcão

Paulo Roberto Falcão foi um dos melhores volantes da história do Brasil e é ídolo absoluto do Internacional de Porto Alegre. Ele jogou no RS entre 1973 e 1980 por 392 partidas e marcou 75 gols. A elegância e os muitos títulos que conquistou com o Inter levaram o volante para o Roma, na Itália. Por lá ele simplesmente ficou conhecido como Rei de Roma – jogou 107 partidas e marcou 22 gols). O craque ainda jogou no São Paulo após voltar ao Brasil.

Como Técnico:

Depois da aposentadoria em 1986, ficou um período descansando de sua extensa e vitoriosa carreira. Mas em 1990 foi convidado para comandar a Seleção Brasileira logo depois do Brasil ter ido mal na última Copa do Mundo. Com a pressão pela formação de um novo elenco para disputar a Copa de 1994, Falcão deixou o campo técnico antes de completar um ano de trabalho.

Falcão ainda passou pelo comando do América do México (51 jogos) e em 1993 esteve à frente do Internacional pela primeira vez como técnico (14 jogos). Depois disso Falcão se consagrou como comentarista da TV Globo ao lado de Galvão Bueno e Arnaldo Cezar Coelho.

Em 2011 Paulo Roberto Falcão voltou para a casamata do Internacional novamente para pouco tempo de trabalho. Bahia e Sport também apostaram na técnica de Falcão; por lá foram 36 e 34 jogos, respectivamente.

O último trabalho como Técnico ocorreu no ano passado quando o Inter precisava sair da situação constrangedora do rebaixamento. O tempo do técnico foi de cinco jogos e o final da história você já sabe.

Roberto Carlos

Tido por muitos como o melhor lateral-esquerdo da história do futebol, Roberto Carlos da Silva Rocha imortalizou seu nome com a camisa do Real Madrid (1996-2007), mas começou sua carreira pelo União São João, em 1990, teve grande destaque no Palmeiras entre 1993-1995 e teve passagens por Inter de Milão, Fenerbahçe, Anzhi Makhachkala e Corinthians.

O cara é um dos poucos jogadores da história a competir no top3 do prêmio de melhor jogador do mundo da FIFA, em 1997.

Pela seleção Brasileira o lateral atuou entre 92-2006 com atuações icônicas e alguns episódios desagradáveis. Quem não lembra do golaço pela seleção?

Como técnico:

Depois da aposentadoria, em 2012, Roberto Carlos logo assumiu como auxiliar técnico do mesmo Anzhi Makhachkala onde jogou por último. Em 2013 Roberto Carlos foi para a Turquia e comandou duas equipes, o Sivasspor (60 jogos) – onde foi eleito o melhor técnico ‘turco’ de 2014 – e o Akhisar Belediyespor (18 jogos).

Dunga

Carlos Caetano Bledorn Verri, o Dunga, não chegou a ser considerado ídolo em nem um clube por onde passou, mas foi o capitão da Seleção na Copa do Mundo 1994 (O Tetra) e ganhou muita moral por conta disso. Como jogador ele passou por clubes como o Inter, Corinthians, Santos, Vasco, Pisa/Fiorentina/Pescara (da Itália), Stuttgart (Alemanha), Júbilo Iwata (Japão) e encerrou a carreira onde começou, no Inter.

Como Técnico:

Sem nunca ter trabalhado em outras funções de comissão técnica, Dunga foi convidado a assumir o comando da Seleção Brasileira em 2006 para formação da equipe que disputaria a copa do mundo de 2010. Nesse período o Brasil venceu a Copa América 2007 e a Copa das Confederações de 2009, mas caiu nas quartas de final da Copa no ano seguinte.

Saiu da Seleção com ‘poucos amigos’ pelo trabalho desenvolvido e só voltou à casamata em 2013 para assumir o Inter por 52 jogos. Pelo clube gaúcho o técnico teve 54 partidas disputadas, com 26 vitórias, 19 empates e 9 derrotas.

Zico

Ídolo mundial indiscutível, Zico tem seu nome marcado no futebol mundial como um dos melhores da história; o Galinho é considerado um dos maiores batedores de falta da história. Como jogador, Zico passou pelo Flamengo, Udinese e Kashima Antlers, marcando 619 gols em 900 partidas de futebol.

Como Técnico:

Zico trabalhou como treinador a partir de 1999 no mesmo clube em que encerrou a carreira como jogador, o Kashima Antlers. Apesar de ter passado por clubes de vários clubes de diferentes países e até a Seleção do Iraque em 2011, o trabalho mais duradouro como técnico ocorreu no Fenerbahçe (Turquia) entre 2006 e 2008 com 117 jogos.

Por lá Zico venceu o campeonato turco e no ano seguinte levou o Fenerbahçe às quartas-de-final da Liga dos Campeões – até hoje a melhor campanha do clube no torneio. Zico também conquistou copas e torneios nos outros times por onde passou, mas sem grande expressão no mundo do futebol.

Zico nunca aceitou treinar o Flamengo.

Clarence Seedorf

O Holandês deixou seu nome marcado no futebol mundial por clubes como o Ajax, Real Madrid, Inter de Milão e principalmente pelo Milan, da Itália. Neste último participou de 432 jogos e marcou 62 gols. Pela Seleção holandesa foram 87 jogos e 11 gols.

Seedorf marcou presença no Brasil ao jogar pelo Botafogo entre 2012-2014, jogando 81 partidas e marcando 24 gols. Depois se aposentou.

Como Técnico:

Em 2014, após sair do Botafogo, Seedorf foi anunciado técnico de seu time do coração, o Milan. Ele permaneceu no cargo por 22 jogos e não embalou. Em 2016 a proposta do Shenzhen, da China, fez o treinador embarcar para o oriente; 14 jogos depois foi demitido.

Petkovic

Dejan Petkovic teve uma vasta carreira no futebol por 23 anos (1988-2011). Neste período passou por clubes locais da Sérvia, o Radnicki Nis; e brilhou pelo Estrela Vermelha. Foi vendido ao Real Madrid e veio parar o Vitória da Bahia – por quem jogou 90 partidas e fez incríveis 59 gols.

Em 2000 chegou Flamengo e teve passagens marcantes por muitos clubes brasileiros (Fla, vasco, Fluminense, Goiás, Santos e Atlético Mineiro). Neste mesmo Flamengo ele encerrou sua carreira em 2011. É um dos ídolos do clube junto de Zico.

Como Técnico:

Em 2014, Pet teve uma passagem pelo time sub-23 do Atlético Paranaense. Dali para frente, comandou pelo menos um clube por ano (Criciúma, Sampaio Corrêa e por último o Vitória – onde também é Gerente de Futebol).

Romário

O baixinho Romário é considerado um dos melhores atacantes da história do futebol. Johan Cruijff – lendário jogador holandês – disse que Romário foi o Rei da área nos anos 90. Romário era o clássico atacante matador, do chute seco, inteligente e mortal.

Romário brilhou pelo Vasco da Gama, seu primeiro clube, com 196 jogos e 139 gols. Dali rumou para o PSV, onde teve a marca inacreditável de 165 gols em 167 jogos. Ele também brilhou pelo Barcelona, Flamengo, Valência, Fluminense, e Miami FC (em 2006).

Pela seleção, Romário foi o grande craque da copa de 1994, onde o Brasil conquistou o Tetracampeonato.

Ao todo Romário fez mais de 1000 gols.

Como Técnico:

Em sua última passagem pelo Vasco da Gama, entre 2007 e 2008, Romário dividiu-se entre jogador e treinador. Em campo o craque marcou 15 gols em 19 jogos. Mas na casamata os resultados não vieram como o esperado, Romário saiu, e a temporada terminou com o Vasco rebaixado pela primeira vez.

Depois disso Romário nunca mais atuou como Técnico. Mas lançou-se como candidato eleito a Deputado Federal (2011-2015) e posteriormente como Senador Federal (2015-presente).

É claro que os exemplos citados acima não significam que estes caras não serão técnicos vitoriosos no futuro. Também há diversos ex-jogadores que se consagraram como treinadores de futebol. Mas isso é assunto para outra postagem. Um abraço.

Márcio BohrerMárcio Bohrer

Fotógrafo e Jornalista do Oficina da Net há 9 anos

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